Dizem que todos são inocentes, até prova em contrário. Pode ser, mas a premissa se inverte quando se trata dos homens. Todos são cafajestes, até prova em contrário.
Assim como a fauna masculina é muito variada (embora pareça ser monótona e homogênea), os cafajestes também existem em várias modalidades e subespécies. Vejamos os tipos mais comuns:
O Clássico
Este é o que chega como "homem sério", falando em "relação duradoura", entre outros pormenores. Ele leva pra jantar, conversa muito bem, e faz todo o teatro necessário para conseguir uma transa. Imediatamente após a ejaculação, há uma metamorfose e ele se transforma numa outra pessoa. Muda o olhar, muda o jeito de falar, e de forma impressionante surge algum compromisso bem naquele momento. Obviamente, ele NÃO LIGA no dia seguinte. Porém, alguns dias depois (o prazo tradicional é de uma semana), ele liga querendo o famoso "repeteco", e dizendo que adorou, que foi tudo maravilhoso etc.
O Amiguinho
É mais ou menos parecido com aquele tipinho consagrado de nossa sociedade: o "arroz". Em vez de uma abordagem direta, ele prefere se fazer de amigo, se aproximar, ganhar a confiança e, como um urubu, esperar a hora certa para se alimentar. E a "hora certa" é o momento em que a garota briga com o namorado, ou de alguma outra forma se encontra muito carente. É nesse momento que o outrora amiguinho coloca as manguinhas de fora e mostra a que veio.
O (Pseudo) Homem-Máquina
Ele faz muita propaganda de si próprio. Muita, mesmo. De acordo com suas próprias estatísticas, ele é o homem que mais tempo já conseguiu permanecer com o membro ereto, que mais ejaculou numa única noite e mais vezes orgasmos proporcionou a uma mesma parceira. Lá pelas tantas, em geral depois de tomar umas e outras, alguma incauta cai nessa conversa e resolve arriscar. Via de regra, a transa é um fiasco.
O Superior Hierárquico
Clássico dos clássicos, não é mesmo? Há os explícitos, que falam na cara-dura, e os supostamente mais "espertos", que preferem manter uma certa ambigüidade. De todo modo, trata-se daquele que se vale de sua posição de superioridade em uma empresa ou mesmo órgão público para mandar brasa no mulherio.
O Subalterno
É o inverso do anterior. Não que ele dê uma de coitadinho ou seja vítima da sanha conquistadora de sua chefe, mas sim pelo fato de tentar explorar a fantasia (de algumas mulhers) em relação aos serviçais e empregados em geral. Sempre que pode, esse tipinho mostra os músculos ou algum outro detalhe impressionante de seu corpo, e em tempo algum esconde os namoricos ou casinhos. Ele quer que a chefe o deseje, e a coisa fica mais intensa quando descobre que a dita cuja está em crise conjugal.
O Bonitão
Salvo casos realmente raros, ele é um cafajeste "criado pelo mundo". Nem sempre tem uma índole ruim, porém o mundo inúmeras vezes o forçou a ser assim. Enquanto todos os rapazes se esforçavam para conquistar uma garota, para ele tudo sempre foi fácil. Fácil até demais. Assim, ele nunca deu o devido "valor" à coisa, mais ou menos como acontece com os meninos que nascem em famílias milionárias. Em vez de corrigi-lo, a mulherada acaba estimulando ainda mais seu lado cafajeste, pois se oferece de todas as formas e maneiras, sem impor condição alguma, apenas pelo fato de que ele é bonito e gostoso. Aí o cara aceita, claro, e depois não adianta reclamar que ele é um desalmado ou coisa assim.
O Artista
Ele usa sua "arte" para conquistar. Há o mau artista que é bonito, e a mulherada cai de pau por conta da beleza; e há o bom artista que nem é tão bonito, mas a mulherada também cai de pau - aí por afeição artística, mesmo. E há, sem dúvida, o "bonito e bom artista", tipo o Chico Buarque, que é alvo de todo tipo de cantada de exatamente todas as mulheres do Planeta Terra. Por fim, o pior de todos os tipos: o "ruim e feio". Esse sofre.
O Esquisitão
Ele é quieto, tem hábitos estranhos e há vários boatos sobre o camarada. Além de tudo, nem mesmo é bonito. Mas as mulheres acabam querendo graça com o cara, porque é carismático, ou talvez por pura e simples curiosidade (que não matou somente o gato). Quando finalmente o conhecem - e descobrem suas esquisitices -, normalmente se afastam com medo, nojo, raiva, pudor ou algum outro tipo de sentimento horrível. Mas há sempre uma que se arrisca a ficar. E é essa "uma" que perpetuará a lenda e o mito do tal Esquisitão.
O Falso Gay
Tempos atrás, um homem efeminado sofreria todo tipo de discriminação, inclusive por parte das mulheres, e quase nenhuma aceitaria sair em público com o cara. Hoje, porém, os tempos são outros, e a coisa mais normal do mundo é uma garota ter um "melhor amigo gay". O Falso Gay é um oportunista que ataca esse nicho de mercado. Ele tem trejeitos, seu estilo gera dúvidas, mas ao mesmo tempo ele é sedutor, tal e coisa. E a garota, às vezes movida pelo desafio de converter e catequizar, entra na conversa.
O Carente Provisório
Esse é perigosíssimo. Por algum motivo, ele está realmente carente. Em geral, foi por conta de briga com a namorada. Aquele farrapinho humano desamparado logo desperta o instinto maternal de umas e outras, mas principalmente faz com que pensem "Ahá! Esse aí é presa fácil!". E, de fato, é mesmo. O problema é que a tal "presa" deixa de ficar carente rapidinho e, ato contínuo, dispensa a mocinha que o ajudou a "sair da fossa". Ou então - o que é bem comum, aliás -, ele simplesmente volta para a namorada. E a pobre garota que ficou com ele nesse meio-tempo, além de se sentir uma idiota, vai passar por "oportunista".
O Poderoso
É uma tática parecida com a do Superior Hierárquico, mas a diferença é que o Poderoso não precisa se preocupar com processos judicais de assédio sexual. Então, ele joga mesmo no ataque. Convida para sua casa da praia, fala em velejar, passeia com seu carro importado, enfim, deixa claro que a vida consigo é pra lá de mansa e confortável. Então, ele come a garota e vai embora. Simples assim. Ah, um aviso para eventuais espertinhas: praticamente todo Poderoso fez vasectomia. Então, nem adianta ter esperanças...
O TigrãoNem sempre é uma questão de grana, mas sim de "experiência de vida". Seu alvo são as garotas que "não agüentam a imaturidade dos meninos". Ele fala de viagens que fez, de gente que conheceu, dos problemas do trabalho, e acaba envolvendo a moça num universo adulto que é muito encantador, bem diferente do mundinho pós-adolescente dos amigos da faculdade. Como em todos os outros casos, porém, o Tigrão também descarta sua "presa" rapidamente.
O Tigrinho
É o "molecão sarado" que descobriu o maravilhoso, encantado e pra lá de farto mundo das "coroas carentes que querem sexo desesperadamente". Acostumadas com os ex-maridos que eram uns palermas, elas rapidamente se encantam com o menino que parece "saber tudo". E ele deita e rola, se sentindo o fodão. Até o dia em que cansa disso tudo e resolve sair com garotas de sua idade, provocando traumas e ódios em pelo menos umas 30 coroas que, de novo, estão desamparadas.
Isaias Camanducaia