domingo, 25 de março de 2012

Eis o Dom Juan.

Hoje temos sessão de cinema para compreenderem profundamente a polaridade sexual. Atentem bem nas palavras do mestre, no cuidado com que ele se prepara, na forma como aborda a mulher. Reparem como a mulher começa por ser - como todas as mulheres - altiva, escamoteando-o.Reparem como não há um segundo de hesitação ou insegurança por parte dele.


Reparem na força interior, na segurança, na firmeza. E mais que isso, ouçam o que ele diz. É com este cuidado, atenção e dedicação que se trata uma mulher. E é isto que a maioria das mulheres quer de um homem. Que consiga ser seguro e confiante, sem ser indiferente nem negligente.


Casanova foi um homem dotado de grande erotismo. Ele amava as mulheres que desejava e desejava as que o amavam. Nascido em Veneza em 2 de abril de 1725, Giovanni Jacopo Casanova relatou em suas "Memórias" as suas aventuras sexuais mantidas com 116 mulheres, citadas nominalmente na obra e pertencentes a todas as camadas sociais da população. Antes de ele nascer, a figura ficcional de Dom Juan já havia sido inventada (no século XVII). Até onde chega a influência dessas duas figuras?

Muitos vêem na figura mítica de Dom Juan um homem ardente e sensual, mas há controvérsias. O traço de caráter mais dominante que podemos descobrir nele é o desejo de domínio, confirmando a antiga intuição de que onde falta o amor surge o impulso para o poder. Ele está obcecado em provar, a cada momento e em qualquer circunstância, que é viril e atraente. Dom Juan é um homem que duvida profundamente de sua virilidade.

Em contraposição a Dom Juan, que em sua qualidade de frio caçador não via na mulher senão a presa a conquistar, Casanova em geral brindava suas parceiras com um jogo erótico verdadeiramente carinhoso e não queria humilhá-las. A mulher que se entregava a ele podia contar com sua ternura e carinho.

No entanto, essa aventura sexual, muitas vezes confundida com amor, não é tão passional e comovedora quanto possa parecer à primeira vista. O curso vital de Casanova é uma fuga constante em face do amor. Escapou dele com toda a habilidade de sua personalidade de espadachim, com mil escusas e manobras, que ele mesmo não chegou a compreender. Entregou-se tão apaixonadamente aos braços do sexo porque encontrou nele um recurso contra o amor.

Tal personalidade constitui um tipo bastante comum no mundo masculino contemporâneo. Muitos homens são "casanovas" no sonho e na prática. O mito de Casanova significa um ideal discutível de masculinidade: a auto-afirmação por meio da conquista sexual.

Ninfomania é a variante do comportamento sexual em que a mulher se sente ansiosa para mudar constantemente de parceiros, não estabelecendo um relacionamento pessoal estável com nenhum deles. A exemplo do que ocorre no homem "casanova", o sexo é relevante para a mulher ninfomaníaca: não em termos de gratificação erótica, mas como uma maneira de satisfazer a necessidade de auto-afirmação.

Quanto ao desempenho sexual propriamente dito, a ninfomaníaca, embora experimente excitação, raramente chega a atingir o orgasmo. O que a deixa quase sempre frustrada e a leva a procurar novas experiências eróticas. Na maioria das vezes, a escolha dos parceiros não obedece a qualquer critério preestabelecido. Em geral essa escolha recai principalmente sobre pessoas desconhecidas, com as quais a ninfomaníaca não mantém ligações afetivas.

Messalina, mulher do imperador Cláudio Primeiro (10 a.C. — 54 d.C.), de Roma, talvez seja o exemplo mais famoso de ninfomaníaca. No entender de muitos pesquisadores, a exemplo do que ocorre com o homem "casanova", a capacidade da ninfomaníaca de seduzir um número elevado de homens é utilizada com o intuito de fugir de uma autêntica e duradoura relação amorosa.



Jonatas Dornelles
Antropólogo

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