sábado, 3 de dezembro de 2011

Entre Aspas.

Bem Vinda (o)"Sem apego.Sem melancolia. Sem saudade. A ordem é desocupar lugares. Filtrar emoções".

A gente finge que arruma o guarda-roupa, arruma o quarto, arruma a bagunça. Tira aquele tanto de coisa que não serve, porque ocupar espaço com coisas velhas não dá. As coisas novas querem entrar, tanta coisa bonita nas lojas por aí. Mas a gente nunca tira tudo. Sempre as esconde aqui, esconde ali, finge para si mesmo que ainda serve. A gente sabe. Que tá curta, pequeno, apertado. É que a gente queria tanto. Tanto. Acredito que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar e ver o que ainda serve, jogar fora algumas coisas, outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.
                                   

"Este texto foi escrito por um homem que me perco (me acho) lendo tudo que ele já escreveu, ele foi dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro. Caio Fernando Loureiro de Abreu, sempre numa escrita num estilo econômico e bem pessoal, onde fala de sexo, medo, morte, angustia e principalmente solidão, creio eu que ele era bipolar também, apresentando sempre uma visão dramática do mundo moderno".

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